quinta-feira, 23 de maio de 2013

Sem fôlego

É quando ela olha para trás pelo canto do olho, divertida e com um sorriso que se não fosse tão doce seria malicioso e perverso, com o queixo escondido pelo seu ombro nu, com as costas despidas por uma toalha desajeitada e molhadas pelos cabelos negros com cheiro fresco a jasmim, de braços abraçados a si e mãos fixas no algodão que teima em cair, sentada na ponta de uma cama branca e já desfeita, que caio de repente na realidade de que não existe mais nada.

Não existe a porta para a varanda ao fundo do quarto nem os cortinados, nem a alcatifa que está por baixo dos meus pés, nem os candeeiros que ela tanto gabou nem o toucador com que ela sempre sonhou aos pés da cama, não existe o guarda-fatos nem as mesas de cabeceira escolhidas a dedo. Só existe ela.

O mundo desaparece e, depois de anos nisto, quando nem o ar consigo agarrar, no centro deste vórtex que insiste em não parar, só está ela.

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Ela, com aquela sua pele de seda e as suas sardas fundidas com um corar de menina, com aqueles olhos tão grandes e brilhantes agora tímidos e sem jeito, com o seu riso e embaraço aos tropeções um com o outro...

Ela, que me devasta a alma cada vez que me toca e me quebra todo o movimento, raciocínio ou pensamento quando me segura na cara e dá um beijo na cara, e que me desfaz em ventos quando me beija a boca...

Ela, que tão inocentemente me pede que a abrace sem perceber que quando o faço ela me está a roubar tudo o que eu poderia ter do mundo que me rodeia, e que por ser tão mulher arranca de mim todo o homem que eu alguma vez poderia ser...

Ela sabe que me tem na mão e é mesquinha! Usa aquele maldito perfume que me tira do mundo, e usa os truques mais velhos no livro de truques das mulheres para me rodar a cabeça e o peito numa roda malvada de perdição... E eu perco-me.

Perco-me nos jeitos dela, nas palavras, nos seus olhares mais distraídos... Ai, quando a apanho distraída... Bebo-lhe os movimentos, as expressões que ela faz sem se aperceber, o seu à-vontade despreocupado... Eu perco-me e encontro-me nela.

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É quando eu a olho olhando-me pelo canto do olho, numa postura tão sensual e delicada que inevitavelmente me desarma de qualquer mau sentir, com o seu charme clássico feminino, quase parisiense, que eu percebo novamente a razão do ouro que tenho na mão.

Perco-me no amor que sinto por ela.

O ar não me cabe no peito quando o meu coração a vê.

Amo-a.

E é nela que está o meu mundo.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Everything.

Mesmo quando estou contigo, por vezes tenho saudades tuas.

És tu que me mudas as cores e sabores, estados de espírito e qualquer tipo de expressões. És tu que admiro sem te acordar, inspiro sem abrir os olhos e expiro sem tocar. És tu que me inspiras, alegras e amas.

Entre conversas, toques e beijos, vais mudando entre ti. Alternas entre o homem que só me quer abraçar e proteger-me de tudo, o homem que me dá a mão e me mostra como ser crescida, o rapaz que odeia cócegas mas cria guerras, bate o pé e faz beicinho, e o ser que me prende ou liberta, me amarra e sufoca ou me permite e ajuda a ir onde eu quiser.

Mas quando sais e foges para longe, quer de olhos fechados ou abertos, mesmo nas poucas vezes que sinto isso, eu fico ali. Olho para ti, mas não estamos no mesmo mundo. Olho para ti e sorrio. Principalmente com os olhos. Fico ali e chego a ter saudades tuas. Vou então dar-te um abraço para que voltes para perto de mim, e tu sorris. Mesmo de olhos fechados. Os nossos mundos encontram-se e eu fico mais feliz.

Não sei que necessidade é esta. Se estou contigo, quero estar o mais contigo possível, e se não estou... Sinto que parte de mim ficou contigo.

Mas os sorrisos que me dás continuam comigo. Não mos tires.

Hoje disseram-me que posso escrever um livro sobre ti. Parece que parte de ti também fica comigo.

Mas isso não chega. Tu, inteiro, não estás aqui. Os teus eus não estão comigo.

Quero ter-te aqui e consumir-te. Quero afogar-me e perder-me em tudo o que é teu. Preciso de ouvir as tuas palavras sem um telefone no meio, do teu olhar sem ser numa fotografia que tiraste contrariado, do teu toque e calor para me aconchegar. Quero esquecer-me de respirar por... sentir demais tudo o que o teu beijo me dá. Quero que me fales ao ouvido e ao mesmo tempo sentir o calor da tua voz no meu pescoço. Quero que me abraces, me apertes, que me arranhes, me amarres, me mordas, mastigues, que me estraçalhes e me deixes num farrapo. E quero sentir toda a energia voltar a mim pela tua boca, em mais um beijo, em mais umas palavras. Quero-te com tanta violência como carinho. Com tanta sofreguidão como liberdade.

Rouba-me ao mundo como fazes todos os dias que estás comigo. Aqui, assim, não quero saber de mais nada.

Só te quero a ti.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Nothing Else Matters...

Nada mais importa.

Algumas verdades não estão no imediato.

Quando uma semente cai por terra, fechada na sua pequena cápsula, não se sabe o que dali um dia crescerá. É só uma semente.
Não dá abrigo a ninguém, não protege nada, não encanta ninguém com a sua beleza...

O segredo está no tempo.

De uma pequena semente podem nascer arbustos e esses arbustos podem decorar e tornar a nossa vida mais acolhedora. Podem nascer arbustos que nos dão flores magnificamente coloridas que perfumem tudo à nossa volta.
De uma miserável e horrível semente pode nascer uma árvore que dê os mais doces frutos, ou que contribua para tornar um pequeno quintal num esplêndido refúgio onde queremos passar os nossos dias. Pode nascer uma árvore que aceite guardar segredos: pequenos e delicados ninhos, tímidos encontros, um pequeno coração cravado a navalha.
Mas sim, também podem dali rebentar umas ervas daninhas que atormentem para sempre os nossos jardins.

Só se descobre com o tempo.

O mesmo acontece com as verdades. E com as mentiras.

Plantas uma mentira, pequenina e de aspecto inofensivo, e tens que plantar mais umas quantas à volta para a proteger. A tua vida torna-se um emaranhado de raízes de mentiras.

"É um emaranhado de cordões que nos entrelaça o peito e precisa de ser solto, corre o risco de sufoco."

Mas quando plantas uma pequenina mas terrível e medonha semente de verdade... Podes ter que esperar muito, mas serás capaz de colher os seus mais doces frutos.

Há pouco plantei uma destas últimas. Coitada, metia medo ao susto. Tive que olhar para ela muito tempo até lhe perder o medo. Mas já não me assusta. Vou continuar a regá-la, e a dar-lhe todo o afecto de que ela precise para se tornar numa árvore de raízes muito fortes e seguras, que me alimente de boas verdades.
Espero que cresça saudável.

No fim, quando ela der bons frutos, eu vou colhê-los e dá-los de comer. E aí, olhando para trás, vou saber que valeu a pena esperar pelo crescimento daquela medonha semente.

Os frutos da verdade, se crescerem saudáveis, serão doces.

E nada mais importa.

segunda-feira, 29 de março de 2010

99 Red Ballons Go By !

Que visão ! Que contraste ! Que maravilha !

Um momento perfeito.

Um céu azul brilhante como há muito não se via, um bando de balões vermelhos soltos no ar, uma multidão feliz no chão.
Ao meu lado apenas quem interessava naquela situação. Não é difícil de adivinhar.
Os dois sozinhos no meio de centenas de amantes como nós.

Radiante, deixo-me cair na relva e fico deitada a olhar para os balões, com ele ao meu lado.
Foram muito poucas as vezes que me senti tão completa. Sorrio até com os olhos.
E é quando estou embrenhada em tão boas sensações, conversas, beijos e sorrisos, e a olhar aqueles balões que se elevam no céu (símbolos de tudo o que de bom o amor tem) que me prendem por um braço e me tiram daquela realidade.

"Estás parva?! Não vês que é tudo falso?!"
Grito com toda a força que tenho que aquilo não pode ser falso. Eu estava lá, tem que existir!
"Conta a merda dos balões! Falta lá um! O teu!! Que rebentou!!"

E eram de facto 99, quando deviam ser 100, o meu estava lá... E dentro dele levava, para desaparecerem, coisas como o lado mau das saudades, os ciúmes, os egoísmos, as discussões, as incompreensões, e tudo o que não se quer quando... Quando o céu está tão azul como eu o vi.
Quando o meu, o nosso, balão rebentou caiu tudo em cima de mim. E dele, provavelmente.

De repente o céu ficou cinzento, a relva secou, os balões já lá não estavam. Ficou tudo gelado e impessoal. Só queria fugir, mas continuava presa por um braço que não me deixou livrar-me daquilo tudo. Quis gritar, mas ninguém podia ouvir. Quis chorar, mas ninguém queria ver. Desesperei sozinha, senti-me actriz sozinha em palco, com um único foco cravado em mim, não se via mais nada se não eu, perdida ali no meio. Sem texto nem contexto. Sem guião, sem indicações nem marcações. Sem nada.

"O que faço agora?"

Estava tão agoniada. Pálida de medo.

O que se faz numa situação assim? Mostrar um sorriso e esperar que passe? Sacudir tudo e esperar que se desfaça em pó?

Não sei... A sério que não sei.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Ai, Destino...

Começou tudo quando eu menos esperava.
De quem foi a culpa? Do frio da noite? Tenho dúvidas...

Culpo-te a ti, e só a ti, por tudo o que aconteceu.
Fizeste tudo para que assim fosse, não foi?
Ai, Destino, a culpa é toda tua!!

Porque é que me levaste lá?
Porque é que me deixaste naquele estado?
Porque é que me obrigaste a ouvir aquela conversa sobre teatro?

Porque é que "coincidiu" a sua presença? Foi obra tua, desgraçado!
Porque é que "coincidiram" as vontades? Aaaiii, foste tu!!
Porque é que se deram tantas "coincidências" em tão pouco tempo?

PORRA, DESTINO, ADMITE QUE FOSTE TU !!

Pessoas assim não caiem do céu.
Encontros assim não são dados de bandeja.
Encontrar perdições assim é como encontrar uma agulha num palheiro...

Destino, confessa...

Vá lá, não negues mais. Eu sei que foste tu.
Só podias ser tu a engendrar tudo isto.

Eu não estava à procura de nada, nem eu nem mais ninguém... Foste tu!
Eu não estava à espera de encontrar nada... Mas obrigaste-me a isso!
Eu não me queria perder assim... E perdi-me por culpa tua!

POR CULPA TUA !

Não há coincidências assim tão fortes e tão perfeitas onde tu não estás, Destino.
Duas pessoas que fiquem tão bem não se juntam apenas por mero acaso, é tudo culpa tua!!

Eu não estava à procura de ninguém, mas tu puseste-o à minha frente.
Eu não estava à espera de encontrar alguém que me fizesse sentir assim, mas tu insististe!
Eu não queria perder-me de amores por ninguém... Mas tu não me deste hipótese.

E hoje é como é... Graças à tua mania de fazer surgir "coincidências", já não imagino a minha vida sem os frutos do que fizeste.

Ai, Destino... Obrigada!
A sério, muito obrigada...

Obrigada por me dares o melhor que tenho na vida, a melhor pessoa que eu podia algum dia imaginar.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Encontrei este...

Bifurcação!!
9/Out/2007 16:54



Deixa rolar... Então e o resto?

Deixa andar... Então e eu?

Deixa passar..? Nem sonhes!




Luta... Porquê?

Vai... Para que lado?

Atira-te... Não sou capaz!




1. Vale a pena?

2. É assim tão importante?

3. Será apenas um filme?




Caga nisso...??

quarta-feira, 20 de maio de 2009

You

És tudo o que sempre quis.

Obrigada.