domingo, 1 de junho de 2008

Lembro-me bem.

Estavas ao meu lado, de mãos nos bolsos, tão calmo, tão sereno...
Tentavas disfarçar a situação em que ambos nos colocámos.
Também eu o fazia...

Até que resolvi acabar com aquele teatrinho inocente.

Peguei na tua mão direita (que estava do meu lado esquerdo) e virei-me para ti.
Olhaste para os meus olhos com cara de quem tem medo, aposto que engoliste em seco. Ficaste nervoso de repente.
Pus a tua mão direita do lado esquerdo do meu pescoço. E com a minha mão direita, peguei na tua mão esquerda, que arrastei pelo ar espesso daquela noite até à minha cintura.
Tu não ofereceste qualquer resistência.

Olhei para cima, para ver o brilho dos teus olhos castanhos, e levei a minha mão direita (que tinha deixado a tua mão no meu corpo) ao teu pescoço.

Até aqui, parecias um boneco, daqueles manequins das montras. Mudei a tua posição e tu nada fizeste a não ser olhar para mim.

Mas foi quando eu me estiquei até ficar em bicos de pés, e me aproximei mais de ti que tu reagiste, e baixaste a cabeça.
Enviaste os teus lábios na direcção dos meus, que já procuravam os teus há tanto tempo...

Não sei que beijo magnífico foi aquele. Mas dura até hoje.



Ou teria durado, se eu fizesse mais do que apenas sonhar contigo.

1 comentário:

Balbino disse...

Um dos melhores textos que fizeste até hoje.

Muito bonito, mesmo! Muito!